sábado, 12 de janeiro de 2008

Ex-reféns das Farc passam primeira noite de liberdade na Venezuela

CARACAS (AFP) — As ex-reféns colombianas, Clara Rojas e Consuelo González, entregues na quinta-feira pela guerrilha das Farc, passaram sua primeira noite em liberdade em um hotel de Caracas junto com seus familiares, após terem sido mantidas em cativeiro por seis anos.

Depois de terem sido recebidas na selva de Guaviare (sudeste da Colômbia) por uma comissão venezuelana e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, as duas mulheres voaram para a Venezuela e se reencontraram com seus familiares mais próximos no aeroporto internacional Simón Bolívar, de Caracas.

"Isso é como voltar a viver. Às vezes acho que é um sonho", disse González, ao tomar nos braços sua neta de dois anos, que ela não conhecia.

Entre abraços, beijos e lágrimas, as duas famílias se dirigiram imediatamente para o palácio presidencial de Miraflores, onde se reuniram com o presidente venezuelano Hugo Chávez por cerca de uma hora.

Clara Rojas e Consuelo González foram em seguida para o hotel cinco estrelas onde estão hospedados seus familiares desde 27 de dezembro e lá passaram sua primeira noite em liberdade.

Nesta sexta-feira, as duas famílias permaneciam em seus quartos e nenhum deles desceu para tomar o café da manhã, indicaram funcionários do hotel à AFP.

O movimento no hotel era pequeno e os funcionários não davam detalhes sobre as libertadas, porque "são hóspedes protegidas".

A imprensa venezuelana saudou a libertação das duas mulheres com grandes manchetes e fotos do encontro com suas famílias. O jornal governista Vea publicou em troca em sua primeira página uma grande foto do líder das Farc, Manuel Marulanda, com a seguinte manchete: "Marulanda cumpriu com Chávez".

O presidente venezuelano insiste há vários meses para que seu colega colombiano Alvaro Uribe o autorize a realizar uma reunião com Marulanda, como ponto crucial para a libertação de mais reféns e para o início de um processo de paz.

A senadora colombiana Piedad Córdoba, que acompanhou a entrega das reféns em Guaviare, disse na noite de quinta-feira que Rojas e González pretendiam conceder uma entrevista coletiva à imprensa nesta sexta-feira, sem precisar a hora.

Na noite de quinta-feira, as duas libertadas conversaram por telefone com Uribe, que também agradeceu a Chávez por sua participação eficaz.

Clara Rojas disse à rede colombiana Caracol que para sua libertação foram obrigadas a caminhar durante vinte dias, e disse que estava "esgotada", pois não havia conseguido dormir bem.

Rojas disse também que quer voltar logo para Bogotá para buscar seu filho Emmanuel, de três anos e meio, nascido no cativeiro de uma relação consentida com um guerrilheiro.

As Farc tinham prometido libertar as duas políticas junto com Emmanuel, mas as autoridades colombianas descobriram no final do ano passado que a criança não estava em poder da guerrilha, e sim em um abrigo do governo em Bogotá.

Exames de DNA mostraram uma alta probabilidade de que o menino seja efetivamente filho de Rojas, e posteriormente as Farc confirmaram sua identidade.

Rojas, de 44 anos, havia sido seqüestrada em fevereiro de 2002 junto com a ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt, de nacionalidade colombiana e francesa, de quem havia sido a vice em sua campanha eleitoral.

Em suas declarações à imprensa colombiana, Rojas disse que foi separada de Betancourt há três anos e a enviou mensagens para que se mantenha forte.

A ex-legisladora González, de 57 anos, era refém das Farc desde 2001. Durante seu período de cativeiro seu marido morreu e sua neta nasceu.

Sem comentários: