domingo, 21 de outubro de 2007

Venezuela doará livro sobre Bolívar a escolas do Brasil

Brasília - O governo venezuelano vai lançar no dia 30 no Brasil o livro "Simón Bolívar, o Libertador", que será doado a escolas e bibliotecas de todo o País. Segundo o adido de cultura da Embaixada da Venezuela, Wilfredo Machado, a primeira edição do livro terá tiragem de 5 mil exemplares e será distribuído gratuitamente para 630 escolas públicas e bibliotecas brasileiras. "Nosso interesse é difundir o pensamento do Libertador no Brasil", afirmou Machado, referindo-se ao herói ao qual o presidente Hugo Chávez tem como principal referência para sua revolução do "socialismo do século 21".

O livro, de 349 páginas, reúne cem textos escritos por Bolívar (1783-1830) e será financiado pela construtora brasileira Odebrecht, que tem vários projetos de infra-estrutura na Venezuela - entre eles a construção do metrô na capital Caracas. O Poder Legislativo venezuelano aprovou ontem a redução das horas de trabalho no país de oito para seis horas. O artigo aprovado faz parte do projeto do presidente Chávez de reforma constitucional e, para entrar em vigor, será submetido a um referendo em 2 de dezembro. (AE-AP)

Jornada de trabalho na Venezuela será reduzida a seis horas

CARACAS (Reuters) - A jornada de trabalho na Venezuela será reduzida para seis horas diárias, caso seja aprovada a reforma constitucional promovida pelo presidente Hugo Chávez para aprofundar seu sonho socialista, embora alguns temam que haja obrigatoriedade de realizar tarefas sociais no tempo livre.

O Congresso, dominado pelo chavismo, aprovou na noite de quarta-feira a redução em duas horas da jornada de trabalho, o que a oposição viu como uma "isca" para a aprovação de outros projetos menos populares da reforma constitucional, que será submetida como pacote a referendo em dezembro.

"A fim de que os trabalhadores e trabalhadoras disponham de tempo suficiente para seu desenvolvimento integral, a jornada de trabalho diurna não excederá seis horas diárias ou 36 horas semanais", diz o artigo 90 do projeto, que será submetido a referendo em dezembro.

Alguns criticam que o governo se arvore na capacidade de definir como o cidadão deve aproveitar seu ócio, já que o projeto diz que "o Estado promoverá os mecanismos para a melhor utilização do tempo livre em benefício da educação, formação integral e desenvolvimento humano, físico, espiritual, moral, cultural e técnico dos trabalhadores e das trabalhadoras".

A medida criou confusão entre a população. Alguns estão satisfeitos por terem mais tempo livre, mas outros desconfiam das intenções do governo e temem que possa ser criado um serviço social obrigatório.

Irão e Venezuela criam petrolífera para concorrer com gigantes do sector

A Venirogc quer ser uma das maiores petrolíferas do mundo dentro de poucos anos. Este grupo é o resultado da incursão mais recente de dois dos maiores produtores de petróleo do mundo, o Irão e a Venezuela, na área empresarial do mercado petrolífero.

O objectivo é concorrer com gigantes como a Chevron, Royal Dutch Shell ou Eni, grandes petrolíferas privadas.

As petrolíferas estatais Petropars, do Irão, e Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) acordaram fazer uma "joint-venture" por forma a poder acompanhar toda a cadeia de produção, no gás e na gasolina, desde a exploração aos consumidores.

Quem o afirma é o responsável das operações da Petropars na Venezuela, Mohammad Ali Talebi, numa entrevista à Bloomberg.

Este responsável afirmou que a ideia da empresa é "tornar-se num grupo semelhante à Chevron, Shell ou Eni". A parceria terá uma participação de 50% de cada empresa e o objectivo é ter operações em vários países. A Bolívia é um deles.

A empresa vai ser registada nas Ilhas Virgens britânicas, uma "offshore", o que deixará a empresa imune a possíveis sanções económicas que possam ser aplicadas ao Irão.

Esta petrolífera requer um investimento inicial superior a mil milhões de dólares. Depois, será necessário tempo para crescer, de modo que, no final de 2011, já esteja em funcionamento e pronta para explorar 200 mil barris de petróleo por dia.

Governo da Bolívia reforça apoio a Chávez

LA PAZ (AFP) — O governo do presidente da Bolívia, Evo Morales, reforçou seu apoio ao aliado venezuelano Hugo Chávez, fortemente atacado pela oposição, que o acusa de ingerência, depois que este evocou um "Vietnã das metralhadoras" caso o presidente indígena seja derrubado ou assassinado.

"Em suas palavras (do presidente da Venezuela), existe uma expressão de solidariedade com o povo boliviano", afirmou o ministro da presidência, Juan Ramón Quintana, enquanto seu colega da Defesa, Walker San Miguel, também considerou que havia um sinal de "solidariedade continental".

O presidente venezuelano provocou grande tensão política na Bolívia, ao destacar em seu programa dominical de rádio e TV "Alô, Presidente" que a Venezuela "não ficará com os braços cruzados", caso a oligarquia "consiga derrubar Evo ou assassiná-lo".

Chávez advertiu que um eventual desfecho negativo contra seu amigo boliviano e estreito aliado político provocará o "Vietnã das metralhadoras, o Vietnã da guerra".

O líder venezuelano disse em várias oportunidades que seu regime defenderá o boliviano Evo Morales, que vem promovendo profundas reformas políticas e econômicas em seu país, apesar da resistência de liberais e grupos civil, oriundos fundamentalmente da rica região de Santa Cruz (leste).

Esses setores questionaram a nacionalização dos hidrocarbonetos e a reversão de terras improdutivas para distribuí-las entre os camponeses pobres e consideram que, com essa política de governo, o presidente está semeando a divisão do país.

Bolívia e Venezuela construíram estreitos laços políticos e comerciais, e La Paz aderiu à Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), em contraposição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), promovida pelos Estados Unidos.

A Venezuela ofereceu cerca de 700 milhões de dólares para explorar petróleo e gás na Bolívia e para a construção de uma planta de industrialização de gás. Além disso, já doou mais de 60 milhões de dólares para corporações militares e policiais, assim como municípios, cujos cheques são distribuídos pessoalmente por Morales.

O ministro Quintana, colaborador próximo de Evo Morales, defendeu que existem, nas frases de Chávez, "uma expressão de solidariedade com o povo boliviano, diferentemente de outros governos, aos quais interessam apenas a instabilidade e a regressão deste processo político que estamos vivendo neste país".

Enquanto o governo tenta minimizar o incidente, a oposição civil e política continua a fazer suas ácidas críticas ao presidente venezuelano e ao governo boliviano, por não frear a "intromissão" ao país.

O ex-presidente liberal Jorge Quiroga (2001-02), líder do partido Podemos, considerou que Chávez ameaça intervir na Bolívia, com o objetivo de impor uma agenda política própria, como, por exemplo, na Assembléia Constituinte que deve aprovar uma nova Carta Magna.

"O que (Chávez) está nos dizendo é: ou façam a Constituinte na Bolívia como me dá vontade, ou lhes mando as metralhadoras. Imagino que sejam os (fuzis russos) Kalashnikov que está comprando", disse o líder opositor.

Nos últimos anos, a Venezuela se rearmou com a compra de 24 aviões de caça, 53 helicópteros e 100.000 Kalashnikov (todos da Rússia) e planeja construir em seu país uma fábrica para os fuzis russos.

O dirigente do poderoso Comitê civil-empresarial de Santa Cruz, Branko Marinkovic, lamentou que "o presidente Morales não se pronuncie sobre as ameaças de Chávez".