terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Chávez recebe Ortega, fala de eleições e admite falhas em seu governo

CARACAS (AFP) — O presidente venezuelano Hugo Chávez admitiu neste domingo o desabastecimento de alimentos e as falhas no sistema de saúde de seu país durante seu programa semanal "Alô, presidente!", durante o qual fez uma avaliação visando às eleições de governadores e prefeitos em novembro de 2008 e conversou com seu Daniel Ortega, presidente da Nicarágua.

Chávez se disse disposto a realizar um referendo revogatório em 2010, na metade de seu mandato, como também fazer uma segunda consulta para que seja aprovada uma emenda constitucional que permita a reeleição do presidente sem limite de mandatos.

"Se chegar um governo contra-revolucionário, virá a guerra", advertiu Chávez.

O presidente insistiu na questão da ameaça de uma guerra ao mencionar a "batalha eleitoral pelos governos e prefeituras".

"Se a oposição conseguir triunfos nessas eleições, o ano de 2009 será um ano de guerra porque (...) o imperialismo (Estados Unidos) quer desbancar a revolução".

"Lamentarei toda a vida a derrota de 2 de dezembro", confessou, referindo-se à sua primeira derrota em uma década de governo.

Em relação aos problemas de abastecimento, disse ter aprovado a liberação de 600 milhões de dólares para um "plano excecional de desenvolvimento agrícola".

Por outro lado, Chávez e Ortega propuseram neste domingo a criação de uma estratégia de defesa que coordene as forças armadas da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), integrada também por Cuba, Bolívia e Dominica.

A medida foi proposta durante uma revisão da deterioração das relações de ambos países com a Colômbia e os Estados Unidos.

Segundo o presidente venezuelano, a "estratégia de Defesa conjunta articularia as forças armadas, aéreas, terrestres, marinhas, a guarda nacional e as forças de cooperação e corpos de inteligência".

"O inimigo é o mesmo, e se se meterem com um de nós, terão que se meter com todos nós. Vamos responder como um só", advertiu Chávez

"Tocar na Bolívia é tocar em todos nós, tocar em Cuba é tocar na Venezuela, tocar na Nicarágua, é tocar em nós", acrescentou, encomendando aos ministros da Defesa e das Relações Exteriores que elaborem o projeto de um Conselho de Defesa da Alba.

Ortega, que aprovou o projeto, fez, por sua vez, uma revisão da "luta antiimperialista" da Nicarágua desde as batalhas do caudilho Augusto César Sandino (1895-1934) contra as tropas norte-americanas.

Chávez atribuiu à "oligarquia colombiana" supostos planos para criar um conflito bélico com a Venezuela em cumplicidade com os Estados Unidos.

"Chegará o momento em que o povo colombiano se libertará dessa oligarquia, não nos meteremos a menos que eles não se metam conosco", afirmou.

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