quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Venezuela: Hugo Chávez recebeu carta das FARC sobre reféns

«Recebi, há uns dias, uma carta de (Manuel) Marulanda, o comandante das FARC», disse Hugo Chávez, que precisou que analisou o seu conteúdo durante uma reunião que teve, na noite desexta-feira, com o Alto Comissionado para a Paz, da Colômbia, Luis Carlos Restrepo.

«Falámos [Hugo Chávez e Luis Restrepo] horas e horas. Avaliámos as posições e dialogámos. Comecei como observador, mas já não o sou, assumi o papel de mediador«, disse Hugo Chávez durante uma reunião com participantes no processo de formação do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

O presidente venezuelano recordou o ditado segundo o qual »quem se mete a redentor termina crucificado« para »pedir ao Redentor, Jesus, que seja possível ajudar a Colômbia, porque os dois países vizinhos são ambos «filhos de [Simón] Bolívar ».

«Se tiver que ir às portas do quinto inferno para alcançar um acordo humanitário e mais tarde um acordo de paz, pois irei«, sentenciou.

Depois de reunir-se, em Caracas, com 14 familiares de sequestrados, a 20 de Agosto de 2007, Hugo Chávez pediu ao seu homólogo colombiano, Álvaro Uribe, e ao líder das FARC, Manuel Marulanda, que aceitem a sua mediação para materializar o »acordo humanitário«.

Como gesto de boa-vontade prometeu conceder um »indulto presidencial« a um grupo de paramilitares detidos em Caracas em 2004, acusado de rebelião civil, de tentativa de »magnicídio presidencial« e de pertencerem a um grupo militar.

Dez dias depois, a decisão do presidente venezuelano foi publicada no Diário da República, tendo sido indultados 41 dos 118 paramilitares, dos quais apenas 39 continuam detidos.

As negociações para um »acordo humanitário« ocorrem num momento em que as autoridades venezuelanas procuram 47 cidadãos que se encontram nas mãos de raptores, entre eles o comerciante português David Barreto Alcedo, 37 anos, sequestrado a 12 de Agosto no Estado de Táchira.

As FARC são uma organização guerrilheira colombiana que surgiu em 1964, de ideologia marxista-leninista e que conta com entre 12.000 e 17.500 membros.

Mantêm em cativeiro, desde Fevereiro de 2003, o luso-norte-americano Marc Gonçalves, que conjuntamente com dois colegas norte-americanos, Keith Stansell e Thomas Howes, foi sequestrados na selva de Caquetá, 350 quilómetros a sudoeste de Bogotá, depois de a avioneta em que viajavam ter sido derrubada por guerrilheiros.

Os sequestrados eram trabalhadores da Califórnia Microwave Systems, empresa contratada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para recolher dados sobre o cultivo de drogas.

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