sábado, 22 de setembro de 2007

Soares embaixador do petróleo em Caracas


Mário Soares terá aproveitado as suas boas relações pessoais com o Governo de Hugo Chávez e o ministro dos Petróleos da Venezuela para ajudar a abrir portas às conversas entre a Galp Energia e a Petróleos da Venezuela (PDVSA) para uma parceria estratégica na área do petróleo e do gás.

Ontem, o ex-presidente da República esteve presente na apresentação do I Lisbon Energy Forum 2007, uma iniciativa da Galp e da Fundação Mário Soares que reunirá em Lisboa no início de Outubro altos dirigentes de algumas das maiores petrolíferas do mundo. Mário Soares disse ter acompanhado o presidente da Galp Energia numa recente deslocação à Venezuela, por insistência de Ferreira de Oliveira, e porque a Fundação e a empresa já tinham o projecto comum de preparar a cimeira. Como conhecia bem vários ministros, incluindo o do Petróleo, e o próprio Presidente Hugo Chávez, "isso foi im- portante para as conversações que lá tivemos". Foi o que Soares respondeu na sequência de uma questão colocada sobre o processo de negociações entre a Galp e a PDVSA. O ex-presidente da República sublinhou as várias deslocações que tem feito à América Latina, a países como a Venezuela, o Brasil e o Equador, onde obtém conhecimentos pessoais que, depois, ajudam a "abrir portas". "E foi isso o que sucedeu na Venezuela", acrescentou.

O papel de Soares foi ontem avançado pelo Diário de Notícias da Madeira. No entanto, e já esta semana, o presidente executivo da Galp, Ferreira de Oliveira, ele próprio ex-quadro da PDVSA, negou, em declarações à Lusa, qualquer ligação do ex-presidente de Portugal às negociações com a petrolífera.

Ontem, Ferreira de Oliveira confirmou as conversas em curso com a empresa pública da Venezuela, país que tem as maiores reservas de petróleo do Ocidente e está no clube dos maiores produtores a nível mundial.

O principal objectivo da Galp é fechar um acordo de parceria estratégica que lhe garanta uma posição equivalente à que tem na exploração e produção de petróleo e gás em Angola e no Brasil. Segundo a imprensa venezuelana, a Galp deve entrar na exploração de petróleo e gás na Faixa do Orinoco onde a PDVSA quer constituir joint-ventures com empresas internacionais, desde que mantenha a maioria. O acordo para a parceria, já saudada por Chávez, poderá vir a ser assinado em Lisboa no dia 2 de Outubro, aproveitando a deslocação do presidente da PDVSA e também do ministro do Petróleo, Rafael Ramírez Carreño. Para além da entrada da Galp na Venezuela, o acordo pode passar pelo abastecimento de crude a Portugal. Em 2006, a Galp praticamente não comprou petróleo à Venezuela, cujas características não são as mais adequadas ao aparelho refinador nacional.

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